quinta-feira, 29 de abril de 2010

Acabando...

É... Tá acabando.

Como assim, Yuri?! Ainda faltam 3 meses.

Bom, sim e não. Sim que faltam 3 meses, mas para as aulas terminarem, falta 1 mês. Um mísero mês...

E daí? E daí que muitos Erasmus voltam para suas casas por N motivos e talvez o melhor do intercambio se vá com eles e com as aulas.

Não, não é que eu esteja amando as aulas, até que gosto, mas o que me dá uma sensação boa mesmo é ver a cidade bombando de estudante andando para as aulas, e principalmente, ter aula e não ir... Ter coisa para estudar e ficar na net. Por que diabos eu quis fazer fichamento de 3 livros? Pra quê? Não é tão mais simples apenas estudar o necessário?! Porra, eu tenho muitíssimos mais semestres ainda...

Quer saber, eu tenho crédito! Quer saber, eu vou tomar sol no parque.

Não tem livro nenhum que me diga como é ir beber na casa de uma galera. Ficar conversando besteira, rindo de temas que todo mundo imagina que seja divertido como "ahora dime, chicos, que no soy bueno con fútbol, quien es mejor, Pelé o Maradona?" a tirada sacana do italiano, porque, claro, estávamos brasileiros e argentinos alí. Brasileiros, argentino, italianos, alemão. Bebendo, falando de futebol... Bebendo, sacaneando os outros como o Messi ser produto espanhol, para loucura do argentino, pedir café para o italiano, ouvir sons e gestos de índios dos europeus seguido de un "es que en el tercer mundo..." tudo na boa, na brincadeira, sem a conotação pejorativa. Só 7,8 pessoas bebendo. Bebendo e se divertindo, não com compatriotas, mas com cidadãos do mundo...

Sabia que alemães também se divertem? E dão abraços e beijos e fazem piadas?

Sabia que um time de racha montado por brasileiros e franceses pena um bocadinho para ganhar (quando ganhamos) de um formado por árabes?

Sabia que um checo é capaz de ir a uma festa à fantasia vestido de diarista? E que um italiano nem sempre fala alto e é mulherengo?

Sabia que uma alemã pode dançar funk, colado, até o chão?

Sabia que na Dinamarca, em geral, as mulheres que tomam a iniciativa? E que uma finlandesa pode nem se importar se uma menina pega na bunda do namorado e que, inclusive, isso se estende a uma brasileira?

Sabia que é possivel dançar samba com uma checa quando do lado tem uma brasileira?

A gente sempre tende a criar uma imagem e achar que ela se estende a todos. Por que diabos você sabe que existem mil pessoas simpáticas, falantes, que gostem de futebol, de cerveja, de praia no Brasil ao mesmo tempo que também tem umas mil e uma que são insuportáveis, antipáticas, e nem sequer sabem que ontem o mengão ganhou de 1 a zero, mas insiste em querer classificar estrangeiros com padrões definidos, fixos?

Podem existir mil entrevistas de árabes, muçulmanos, que vivem em Israel. Mas não é a mesma coisa que a feita por você, bebendo (ainda que a religião dele, e a minha, não permitisse e ele acatasse), olhando a cara dele, percebendo as reações e os tons. Ainda que não concorde com uma só palavra, não dá vontade de intervir, você fica tão facinado, que só quer ouvir, ouvir.

Você nunca vai realmente entender como é bom fazer uma reuniãozinha em um apartamento com 20 pessoas de uma porrada de países, e comer uma comida grega, alemã, checa, marroquina, inglesa... Até que faça.

Você nem imagina o que é uma festa de aniversário comemorada com o som do computador, em uma sala LOTADA, com gente dançando em cima da mesa, transando no banheiro, nos quartos...

Ou ter que acabar uma festinha dessa com a polícia na porta, mandando ir embora.

Nunca senti tanto prazer em fazer caipirinha.

Nunca senti tanto prazer em falar do meu país, das coisas do meu país, das coisas do meu povo.

Enviar uma porrada de músicas, vídeos e fotos para a gringarada. Sabe qual é a música que a Eleanor mais gosta?! TIMIDEZ - CAVALO DE PAU!!!! Siiiim, forró!

Sei lá, é se sentir mais cidadão do mundo e, ao mesmo tempo, ainda mais BRASILEIRO. É morrer de saudade das coisas do teu país e, ao mesmo tempo, não querer voltar tão cedo.

Não deveria acabar, mas como tudo que um dia começa, um dia termina.

Mas de verdade, não deveria.

E isso me fez lembrar de uma música:

"Meus dois pais me tratam muito bem,
como é que você se sente, desabafa aqui com a gente (...)
e o meu carro foi meu pai quem me deu.
Um filho homem tem que ter um carro seu.
Fazem questão que eu só ande produzido,
se orgulham de ver o filhinho tão bonito.
Me dão dinheiro para eu gastar com a mulherada,
eu realmente não preciso mais de nada.
(...) Não vai dá, assim não vai dá.
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar?"


 E outra (e dessa vez, sem a relação ruim que costumava ter):

"Quanto tempo será que demora, um mês para passar?"

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