quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Acostumbrando...

Hooola! Qué tal?!

Depois de mais de uma semana aqui, venho dar mais uma atualizada!

Acho que o título resume bem minha sensação agora! Engraçado que, no Brasil, sempre que tentava passar um dia em contato intensivo com uma lingua diferente da minha (normalmente, o inglês), ficava imaginando como seria andar na rua e só escutar aquele idioma, ler placas, propagandas, rádio... Cara, é impressionante como isso te impacta! Faz dois dias que me pego pensando sozinho em espanhoool! Incrível!!!

Bom, vamos por partes.

Já falei de quanto esse apartamento estava imundo, mas vale dizer de novo para que se tenha uma dimensão do quanto estava imundo! Até que papai do céu me deu um presente e chegou uma santa por aqui! María. Uma galega (pessoa  nascida na região norte da Espanha, na Galícia; onde estou) de uns 30 anos que, aos poucos, foi pondo a casa em ordem, em um estado habitável confortavelmente. Acordei de manhã e vi a pia e o banheiro limpos; no outro dia a pia da cozinha estava limpa; à noite o microondas estava limpo; depois o fogão, depois o piso... E assim, eu, que até lavei o fogão no meu primeiro dia, fui ficando mas tranquilo. Cá entre nós, manter limpo é infinitamente mais fácil que limpar! Oh, mamãe... Mas enfim, essa chica realmente é uma santa e merece um parágrafo à parte.

Além de tudo isso, que no meu estado já valia pelo intercâmbio inteiro, ela é bem mais amável que o Tomás (o outro galego do meu piso), um metaleiro de (muito) poucas palavras. Enquanto cozinho (sim, estou cozinhando e muito bem, modéstia à parte) ou lavo os pratos, ficamos conversando em castelhano (espanhol), o que já é uma gentileza dela, pois prefere falar em galego (o "dialeto" que se fala por aqui, principalmente os mais velhos), e tira várias dúvidas minhas de gramática, vocabulário e cultura (por exemplo, aqui a sociedade é matriarcal... Não vou explicar porque, mas ela me explicou. Não se deve chamar nenhum espanhol de cigano. Quando é aniversário de um santo, todos que levam o mesmo nome desse tal santo são felicitados). Enfim, ela tem sido uma surpresa muito agradável da "docilidade" dos espanhóis.

Falando nisso, fiquei bastante surpreso o quão receptivos são os galegos, inclusive os mais idosos. Como nós, eles fazem até esforço para entender o que tu diz, não se importam em repetir e dão informações sobre a localização dos lugares (um, inclusive, parou a conversa para ir andando comigo uns 10 min para me mostrar onde ficava o lugar que eu procurava...). Tirando a moça da ORE (oficina de relacións exteriores) que me foi muito gentil, todos os outros funcionários da faculdade são MUITO mais antipáticos e ríspidos que as pessoas na rua. "És que son funcionários públicos", me disse Maria.

Me chamou muito atenção a infra-estrutura de ensino daqui. A Galícia é a região mais pobre da Espanha e Santiago é uma cidade pequena, mas a qualidade de TODAS as instalações da Universidade são perfeitas (incluindo a faculdade de história, filosofia... igualzinho no Brasil!!!), a biblioteca pública de uma cidade que deve ter o PIB umas 10 vezes menor que o de Fortaleza é IMPRESSIONANTE! O prédio é lindo, tem de tudo, sem te cobrar um centavo (centimos, aqui). O auditório tem um lago com patos em volta... Eu vou bater umas fotos tão logo compre uma máquina para provar isso! Eu já esperava um pouco que fosse encontrar essa qualidade, mas mesmo assim, me surpreendeu MUITO o quão boas são!

A qualidade de vida é excelente. Se pode ir a pé para todo canto, há muita segurança, as ruas são limpíssimas (até andei com uma garrafinha por uns 30 min com pena de jogar no chão) e o trânsito é bem tranquilo! Aqui os carros é que tomam cuidado com os pedestres, não o contrário. "Esto es para que los coches parem". Se me dissessem que isso era uma frase de uma avó para o netinho de uns 2, 3 anos ensinando o que era uma FAIXA DE PEDESTRE, eu não acreditaria. Tu nào precisar olhar para a rua... Pode atravessar na avenida que for, os carros PARAM até que tu atrevesse toda. Gente, um caminhão de cimento que estava levando para uma reparação em um prédio parou para que eu passasse (eu estava em pé, em frente a faixa).

Chega, um pouco de falar da cidade. Vamos falar dos outros intercambistas agora.

Terça comeram as aulas do curso de espanhol para os international students (nunca pensei que seria um! rs). Espetacular! Gente do mundo inteiro: Brasil, claro, Alemanha, Rep. Checa, Áustria, Finlandia, Polônia, EUA, Grécia... Quando a professora dava uma lição sobre os costumes locais, noooossa, maravilhoso dividir isso com tanta gente diferente. Todos no mesmo barco, querendo se inturmar, querendo conhecer gente diferente, muuuito massa! Todas de fofinhas para gatas! Velho, o que é a grega, nossa! Uma deusa grega, literalmente. Uma inglesinha linda e tímida, uma alemã gatíssima e altamente simpática (dado o famoso espaço pessoal dos alemães! rs) e isso tem sido uma coisa que chama muito atenção. A pessoa mais simpática e falante da sala é essa alemã. A outra até tirou uma brincadeira comigo e tocou em mim (nooooooossa) na primeira vez que eu falava com ela. O alemão pegou meu telefone e veio aqui no piso bater um papo e tomar um vinho (iniciativa totalmente dele. Fiquei com medo dele ser gay, mas não era não! heehheheh). Europeus mesmo que já saiam juntos para as festas no segundo dia de aula... Não pensei que ia encontrar isso tão descaradamente assim, como está sendo. Ai, meu Deus, to com medo dos estudos...

Ontem foi meu primeiro Botelón (uma "festa" que se resume a juntar vários estudantes pelo campus da faculdade, cada um leva sua bebida, ficam conversando, bebendo, sem música... e é absurdamente iraaaado!). Foi pequeno, já que a faculdade está em época de provas finais, só com a turma de economia e 95% de galegos (só eu e mais 2 brasileiros). Mesmo assim, e sem beber (tinha aula no outro dia, coitado) achei muuuito massa o clima que fica. É um clima de universidade, de gente jovem... Já disse isso, mas Santiago parece que só tem estudante... O clima da cidade é diferente, a vibe... Nunca tinha sentido isso antes e era o que mais me frustava na "vida" de universitário em Fortaleza.

Bom, algo que merece um pouco de destaque é esse dialeto deles, o galego. Apesar de o português ter se originado do galego, é praticamente impossivel entender. Muito mais fácil entender o espanhol que o galego. Mas disso ainda não estou nem perto de me acostumar, então deixa para depois.

Quanto ao frio, bom, já ando de camisa e short pela casa, só um casaco pela rua (mas com luvas) e consigo pisar no chão sem sandália, quando necessário... Estou me acostumando! Vale?!

Entonces es esto! Me voy ahora, tengo que dormir para los bares más tarde! Hasta Luego!

2 comentários:

  1. tem jeito não, tem que ter um banger na tua vida :D

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  2. Muito bom ler essas coisas Lacerdinha, consigo imaginar mto bem todas essas cenas e momentos que tu tem descrito pra gente nesses posts...Dá um vontaaade de viajar =P.
    Lá no curso de Letras, a galera do espanhol ADORA o galego sabia? Justamente por ser diferente, não muuito semelhante ao português.

    E só um comentário qto à vida universitária de Fortaleza...Tu foi fazer Economiiiia maxu!!kkkk...Se tivesse ido pra Humanas tinha essas festinhas e integrações SEMPRE...hehehehe. Mas deve ser massa uma cidade pequena com todo esse clima universitário.
    Um xeru enorme Lacerdoca! ;**

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